Correio Braziliense – A garantia precipitada de que o Brasil havia atingido capacidade de produção da vacina CoronaVac agora compromete as aplicações de segunda dose. O ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, admitiu, nesta segunda-feira (26/4), que não há quantitativo para garantir o reforço da imunização a todos, em razão dos atrasos na importação do ingrediente farmacêutico ativo (IFA).
O gargalo, segundo Queiroga, gera preocupação e tem levado estados e municípios a recorrerem à Justiça. “Não é a judicialização que vai resolver esse problema. O que resolve são políticas públicas efetivas, que temos tentado colocar em prática nesse ministério”, afirmou o ministro.
Queiroga justificou que o problema se deu pela liberação de todas as doses para aplicação e, posteriormente, um atraso da chegada dos insumos da China, inviabilizando a entrega de uma nova remessa capaz de suprir a demanda para aplicação das segundas doses. “Como essa semana não há previsão de chegada de vacina do Butantan, só daqui a cerca de 10 dias, vamos emitir uma nota técnica em relação ao tema”, disse durante a Comissão da Covid-19, no Senado Federal.
Após o descompasso gerado com a liberação de todas as doses da CoronaVac para aplicação da primeira aplicação, o Ministério da Saúde voltou atrás e passou a orientar que os municípios reservem o quantitativo para garantir a dose reforço. Enquanto o Brasil não tiver autossuficiência para produzir o imunizante inteiramente em território nacional e não depender mais da importação do IFA, a previsão é de que a pasta mantenha a recomendação.
A desvantagem em precisar estocar metade das remessas é a demora para vacinar novas prioridades. Na tentativa de aumentar e manter o ritmo vacinal, Queiroga afirmou que o governo federal trabalha para trazer novas iniciativas para incorporar ao Programa Nacional de Imunização (PNI).
“Temos trabalhado fortemente para conseguir mais doses. O primeiro lote da Pfizer chegará dia 29. São doses prontas e o ministério já organizou toda a logística para essa vacina, que tem uma peculiaridade em relação à cadeia de frio. Temos capacidade de aplicá-la com segurança”, garantiu Queiroga.
O secretário de Vigilância em Saúde, Arnaldo Correia, disse que a pasta monitora, rigorosamente, os estados que estão com deficit de doses para reforço. “Hoje, o quantitativo de D2 (dose 2) que estamos devendo aos estados é relativamente pequeno e será suprido em uma pauta, muito em breve”, adiantou, completando que o envio será feito “ainda dentro do prazo vacinal”, sem comprometer a estratégia de imunização.
Ritmo vacinal
Com o incremento, a pasta deve fechar o mês com 26 milhões de doses entregues, cerca de quatro milhões a menos do que o anunciado anteriormente pelo ministro. Mesmo assim, Queiroga frisou que o quantitativo já garante ritmo vacinal. “Em vários dias nós superamos a marca de mais de 1 milhão de vacinados. Na sexta, superamos 1,8 milhão de brasileiros vacinados. Isso mostra a capacidade que tem o nosso PNI”.
A aceleração, por outro lado, não pode ser motivo para descuidar das medidas não farmacológicas de enfrentamento ao novo coronavírus, pontuou. “Claro que não é só a vacinação. Eu tenho, desde o primeiro dia que assumi o cargo, reiterado a importância das chamadas medidas não farmacológicas, como uso de máscaras, distanciamento social. Essas ações já têm sido acompanhadas de campanhas publicitárias, orientando a população brasileira a adotar essa precauções”, reiterou o ministro.