Bahia

‘Como vai achar mais alguém com vida?’, desabafa avó de crianças do naufrágio; duas pessoas seguem desaparecidas

“Estou aqui morta, arrasada”. O desabafo é da aposentada Anatália Mota dos Santos, 81 anos, bisavó das três crianças e avó da adolescente que estavam no barco que naufragou no Rio Paraguaçu, na última quinta-feira. Na manhã deste sábado (4), os corpos de duas crianças e da adolescente foram encontrados pelo Corpo de Bombeiros e por moradores da região.

Por telefone, ao CORREIO, dona Anatália disse estar um pouco aliviada pelos corpos terem sido encontrados. Porém, ela afirmou que não tem mais esperanças de encontrar as outras duas pessoas desaparecidas – uma criança e um adulto, amigo da família – com vida.

“Ainda faltam dois. Como que vai achar mais alguém com vida? De ontem para cá foi que eu caí na real que não vão achar mais ninguém com vida. E não acharam mesmo”, disse, na tarde deste sábado.

A primeira vítima a ser encontrada foi Natália, neta dela. A adolescente de 14 anos foi encontrada pelo próprio irmão, que ajudava nas buscas, no início da manhã. Logo em seguida, foi encontrado o corpo de Adriele. No fim da manhã, o corpo de outra criança foi localizado pelos Bombeiros – segundo a família, trata-se de Luis Felipe, que também estava na embarcação.

Dona Anatália contou que não acompanha as buscas com o resto da família. “Eu não fui porque não aguentei ver quatro caixões. Não aguentei, não”, disse.

Ainda não há informações sobre o enterro das crianças.

O que se sabe
Até o momento, nenhuma das vítimas foi oficialmente identificada pela polícia. No momento do acidente, seis pessoas estavam a bordo de um barco. Apenas uma pessoa foi resgatada com vida até agora – o pescador Paulo Roberto, que é avô de três das crianças que estavam na embarcação e pai da quarta.

A sexta pessoa que estava no barco é um adulto, um amigo da família. Identificado como Roque, ele teria cerca de 50 anos, segundo relatos de familiares.

Em nota, a Capitania dos Portos da Bahia (CPBA) informou que os dois primeiros corpos foram encontrados boiando às margens do rio, nas proximidades da Fazenda Haras do Belo Vale. As buscas continuam e estão sendo realizadas pelas equipes da Marinha do Brasil, das equipes do 13º Grupamento Marítimo de Bombeiros Militar (GMAR) e de familiares e pescadores locais voluntários.

Buscas
As buscas foram iniciadas no mesmo dia do acidente e alguns pertences das crianças foram encontrados na água, como sapatos e um boné. A procura pelos desaparecidos foi retomada por volta das 7h30 desta sexta-feira. As famílias dos desaparecidos se misturaram aos pescadores para auxiliar os bombeiros. A procura por sobreviventes é realizada com barcos, motos aquáticas, canoas e lanchas.

“Vamos continuar até encontrarmos eles. Foi solicitado um reforço com Grupamento Aéreo da Polícia Militar (Graer)”, declarou o tenente do CB Eli Antônio Lima.

Segundo moradores da região, em alguns pontos do rio a profundidade chegam a 150 metros. “No local onde ocorreu o acidente, antes era um vilarejo que foi encoberto para a instalação de uma barragem”, contou Aloisio de Jesus, amigo da família.

Ele contou que é comum o registro de acidentes no rio e que dificilmente há sobreviventes. “Normalmente os corpos são encontrados em locais diante do ponto do naufrágio ou ficam presos embaixo das baronesas”, relatou.

Correio

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